O REINADO DO UNGIDO DE DEUS (Salmo 2)
Introdução
Este salmo demonstra o reinado universal do Messias como resposta de Deus à rebelião das nações. A grande comissão de Mateus 28.18-20, é a proclamação da igreja deste fato.
1. Natureza da rebelião das nações
“Por que se enfurecem os gentios e os povos imaginam coisas vãs? Os reis da terra se levantam, e os príncipes conspiram contra o SENHOR e contra o seu Ungido, dizendo: Rompamos os seus laços e sacudamos de nós as suas algemas.” (Salmo 2.1-3).
Por que? Uma pergunta em tom de surpresa. Qual é a razão, o fundamento, a causa do furor, imaginação e conspiração?
A resposta é: Rejeição insensata do domínio de Deus e do Soberano estabelecido por Ele (Cf. Atos 4.25-26).
· “imaginam” do hebraico:הׇגׇה / hāgāh É o mesmo verbo que traduz meditar no Salmo 1.2, que traduz a ideia de: Murmurar consigo mesmo, resmungar, ruminar pensamentos de revolta, meditar, inventar, imaginar, descontentamento.
Aplicação: As resoluções de amargura e de descontentamento vai se cristalizando, através de aliciamento e cumplicidade, até se transformar numa rebelião.
· “levantam” do hebraico: יׇצַב / yātsab = Posicionar-se contra, se amotinar com a finalidade de derrubar uma autoridade.
Aplicação: Toda forma de pecado faz parte de um motim, forças espirituais estão por detrás das pessoas, das instituições e estruturas, potencializando suas ações criminosas em relação ao Reino de Deus.
· “conspiram” do hebraico:יָסַד / yāsad = Tramam, assentam-se juntos, se reúnem em conclave. Uma ação que envolve planejamento é uma maquinação orquestrada do mal.
Aplicação: Com objetivo de romper com Deus (vs. 3). Rejeição do governo de Deus (Cf. Oséias 11.4-5).
2. A soberania silenciosa de Deus
“Ri-se aquele que habita nos céus; o Senhor zomba deles.” (Salmo 2.4)
Riso aqui revela a soberania silenciosa de Deus, que se fundamenta em sua Onipotência. O homem mesmo em sua rebelião acaba por fazer o desígnio de Deus (Cf. 1 Co 2.8). Zombaria é uma expressão como Deus confunde os sábios (1 Co 1.20) em sua própria sabedoria (Filosofia e entendimento das coisas). Zombaria é aqui, a manifestação do triunfo de Deus sobre os arrogantes (Cf. Cl 2.15 e Ap 11.18).
3. A solução de Deus para a questão da rebelião
De nada adiante os gritos do vs. 3, o Senhor constituiu um Rei sobre o Monte Sião. Constitui, Entronizei, isto é, estabelecei no trono. Monte Sião (Novo Testamento – Igreja cf. Hb 12.22).
Em resposta ao levante dos gentios e conspiração dos reis e príncipes da terra, Deus constituiu Jesus como Rei sobre a igreja, para alcançar, para cumprir Seu decreto e oração: “Proclamarei o decreto do SENHOR: Ele me disse: Tu és meu Filho, eu, hoje, te gerei. Pede-me, e eu te darei as nações por herança e as extremidades da terra por tua possessão.” (Salmo 2.7-8).
As nações como herança do Senhor Jesus Cristo (Cf. Ef 1.9-10; 21-22).
“Tu és meu Filho” O filho de Deus no trono!
· Um só candidato;
· No batismo e na transfiguração o Pai proclamou o Filho e servo, nas palavras tiradas de Isaias 42.1: “Em quem minha alma se compraz” (Cf. Mt 3.17; 17.5 e 2 Pe 1.17).
4. O Reinado do Filho
“Com vara de ferro as regerás e as despedaçarás como um vaso de oleiro. Agora, pois, ó reis, sede prudentes; deixai-vos advertir, juízes da terra.” (Salmo 2.9-10).
Toda a rebelião desfeita. As nações como possessão do Filho (vs. 8) vitorioso (Cf. Ap 12.5; 19.15; 2.7).
· “regerás” do hebraico: רׇעַע / rāʽaʽ = Isto implica em disciplina e julgamento dos incorrigíveis (Cf. Jr 19.10-11).
· “vara” do hebraico: שֵׁבֶט / shēbeṭ = Vara, bordão, ramo, cajado, clava. Tinha funções de um cajado de pastor ou arma contra assaltantes (Cf. Lv 27.32; Ez 20.37 e Sl 23.4). Veio a se tornar um símbolo de governo com a tradução: “cetro” (Cf. Gn 49.10).
5. Exortação aos reis da terra
“Agora, pois, ó reis, sede prudentes; deixai-vos advertir, juízes da terra. Servi ao SENHOR com temor e alegrai-vos nele com tremor. Beijai o Filho para que se não irrite, e não pereçais no caminho; porque dentro em pouco se lhe inflamará a ira. Bem-aventurados todos os que nele se refugiam.” (Salmo 2.10-12).
As nações amotinadas a única esperança é a submissão. Trata-se de um chamado ao arrependimento para que a graça do reino possa irromper completamente. Beijar o filho: Um beijo de homenagem e reconhecimento.
6. Promessa final
“Beijai o Filho para que se não irrite, e não pereçais no caminho; porque dentro em pouco se lhe inflamará a ira. Bem-aventurados todos os que nele se refugiam.” (Salmo 2.12).
O que inspira a conclamação dos (vs. 10-12) é a graça que Deus quer derramar. A graça que o medo e o orgulho interpretam como escravidão (vs. 3), é a verdadeira segurança e felicidade: “bem aventurados” (felizes) todos os que n’Ele se refugiam (segurança).